segunda-feira, 23 de abril de 2012

Sejamos como as crianças!



Na famosa obra de Antoine de Saint-Exupéry, O Pequeno Príncipe, o autor nos ensina muito sobre a alma humana, suas aflições e contradições, sobre a forma diferente com que crianças e adultos encaram o mundo. Recentemente, resolvi reler a obra e isso mexeu comigo.
Enxergar o mundo através das lentes sobre as quais as crianças veem não nos torna inocentes ou frágeis. Pelo contrário, leva-nos ao doce encontro com a filosofia e com a pureza que está instalada nas coisas simples da vida. Entender o mundo, como as crianças, nos torna adultos mais humanos e melhores. Você já prestou atenção no tanto que as nossas crianças têm para nos ensinar? Já imaginou o quanto somos estranhos no julgamento deles? “As pessoas grandes são decididamente estranhas, muito estranhas”.
Na leitura do livro, o que mais me fascinou foi a chegada do Pequeno Príncipe ao planeta Terra, vindo da viagem que fazia aos planetas. No deserto e sem saber, procurava conhecer homens, seres humanos.  Ao ser interpelado por uma raposa, conheceu o sentido de “cativar”. Esse foi, no meu entender, o grande ensinamento do livro. No diálogo travado entre o Pequeno Príncipe e a raposa, alguns trechos me levaram a reflexões profundas.
Tu não és daqui disse a raposa.  — O que procuras?
— Procuro os homens — disse o Pequeno Príncipe. — O que quer dizer “cativar”?...
— É algo quase sempre esquecido — disse a raposa. — Significa “criar laços”...
A gente só conhece bem as coisas que cativou — disse a raposa. — Os homens não têm mais tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo pronto na loja... Tu queres um amigo? Cativa-me!
— Que é preciso fazer? — perguntou o Pequeno Príncipe.
— É preciso ser paciente — respondeu a raposa.
Aqui, a raposa ensina ao seu interlocutor o que é preciso para fazer amigos: ser paciente, cativar, “criar laços”. Estamos fazendo isso com nossos filhos? Chamo também à reflexão aos educadores: estamos cativando os nossos alunos? Estamos nós, pais e educadores, buscando cativar as nossas crianças?
A maior sinergia com as nossas crianças acontecerá quando começarmos a ver o mundo com o olhar delas. “Afinal, o que torna belo o deserto é que ele esconde um poço em algum lugar”. O que torna belo nosso filho/nosso aluno é o que ele tem para nos ensinar.
Portanto, façamos em nossa experiência a mesma viagem feita pelo Pequeno Príncipe. Busquemos o entendimento simples das coisas que parecem ser complicadas. E se “o que vemos, não passa de uma casca. O mais importante é o invisível”, vamos buscar ver além do que parece ser.
E, para que possamos ensinar às nossas crianças as coisas da vida com a nossa experiência,  precisamos estar ao lado delas, agora,  aprendendo a enxergar o mundo. Assim, procuremos ver nossos filhos com novos olhares. E, enquanto ainda são crianças, aprendamos com eles, pois  “só as crianças sabem o que procuram. Perdem tempo com uma boneca, e a boneca se torna muito importante, e choram quando ela lhes é tomada...”
Elas são felizes! Vamos buscar também a felicidade!


FONTE: SAINT-EXUPÉRY, ANTOINE. O Pequeno Príncipe. Agir editora, Rio de Janeiro, 2006