segunda-feira, 9 de junho de 2014

Educar os filhos para a felicidade é educar com a alma


Tive, em meu relacionamento com meus pais, momentos maravilhosos e outros que não foram lá grandes coisas. Lembro-me de ter tido pouco contato com meu pai: ele trabalhava muito e quando estava em casa, gostava muito de “ficar quieto”, no “canto dele”. Por isso mesmo, a relação com a minha mãe foi mais intensa. Tudo era com ela. E ela sabia bem desempenhar o papel de esteio na família. Lembro-me também de que o excesso de exigências de meu pai muitas vezes me deixou inseguro. Minha adolescência foi difícil, pois meu pai (sempre querendo o meu bem, disso não tenho a menor dúvida!) exagerou na imposição de um modelo de rapaz que ele idealizava para mim.
Tenho procurado, ainda hoje, trabalhar em profundidade todas as experiências vividas. O que foi bom e o que foi ruim marcaram a minha existência e deixaram marcas em minha formação. Mas, por que estou tratando disso com você? Simplesmente por desejar chamá-lo a uma reflexão: você tem estado mais tempo com o seu filho? Você, pai/mãe tem buscado uma relação de comunhão com seus filhos? O importante é percebermos que estamos em um contato saudável com os nossos filhos. O tempo de vermos isso é agora, quando ainda estão conosco. Quando os filhos crescem e vão embora de nossa casa, talvez já não seja a melhor hora para estabelecermos essa comunhão com eles. Quando partem para a vida deles, levam na bagagem da vida tudo o que a eles legamos. Se for segurança, autoestima elevada e competência, é o que levarão. O contrário disso também estará com eles, infelizmente. A hora de ter com seus filhos uma relação de confiança, amor e segurança é agora. Por isso, eduque com a alma!
Educar com alma exige conexão dos pais com os filhos. A melhor maneira de passar mensagens efetivas para uma criança é criando uma conexão com ela. Os pais precisam entender os argumentos dos filhos e, para tanto, se faz necessário o diálogo contínuo. E isso exige muita confiança! Quando os filhos sentem que confiamos neles, a autoconfiança se desenvolve imediatamente. Confie em seus filhos. Sem isso será impossível educar com alma. Garanta liberdade aos seus filhos. Precisam experimentar, conhecer, comparar, descobrir. Sufocá-los não contribuem para que sejam felizes. Sem liberdade, ninguém descobre seu verdadeiro caminho. Ajude seu filho a descobrir a sua vocação e ajude-o a realizar o seu desejo. Respeite a escolha deles, sabendo que talvez não seja para sempre. Eles mudam de opinião. O que vale aqui é o incentivo a uma escolha. A vida das pessoas que fazem escolhas é mais objetiva. Respeite a essência de pessoa que seu filho é. Ele é um ser vivo para o mundo. Eu demorei, mas aprendi: nossos filhos são, cada um, um ser independente; eles existem  em si mesmos  e não por mim, mesmo que eu tenha dado a eles a vida.
Pais e mães têm muito o que ensinar aos filhos. As crianças esperam esses ensinamentos e necessitam deles para a vida. Para tanto, precisamos evoluir. É fundamental aceitar que o mundo mudou e irá continuar mudando e que a lógica de meu mundo não é a do mundo de meus filhos. Estamos juntos neste tempo e neste espaço, mas existe um enorme choque de gerações entre nós, pais e filhos. Precisamos acompanhar as evoluções e ter a consciência de que educamos para o mundo.

Estamos juntos! Peço a Deus forças para ajudá-los na formação de nossas crianças. Educador é pai e mãe, pois também educa com a alma.



terça-feira, 3 de junho de 2014

Quando as crianças brigam na Escola


Brigas na escola é um assunto importante para colocarmos em pauta, pois comumente atinge também os pais em casa. Como lidar com isso? É preciso orientar as crianças para o diálogo, e a Escola faz exatamente isso. É preciso que a Família siga as orientações da Escola, pois, embora isso possa ser difícil aceitar, é esperado haver um certo “estranhamento” entre os alunos das séries iniciais.  O que temos na escola são crianças estudando não só os conteúdos curriculares, mas aprendendo a conviver, a dividir, a aceitar e, principalmente, a não ser o centro de tudo. As brigas podem, também, estar sinalizando que há algo de errado e temos que estar atentos.
É nosso papel agir se houver um possível  comportamento inadequado de alguns pais querendo fazer  interferência nos conflitos que ocorrem entre seus filhos e  colegas,  quando isso acontece na escola. Essa situação é tratada de forma pedagógica e, para isso, dispomos de um Serviço de Orientação Educacional, composto por educadores com formação especializada para, de forma correta, fazer a gestão desses problemas. No ambiente escolar, só cabe à Escola a gestão dos conflitos, pois esse é o nosso trabalho e, por isso, estamos sempre empenhados em resolver a crise, sem que pais interfiram. Quando essa interferência familiar acontece, e ainda bem que é raro, todos nós corremos o risco de se criar um problema difícil de ser gerido.
Como educador, defendo que a Escola deve sempre adotar a orientação de que, havendo brigas entre as crianças, os pais devem dialogar, incentivando a criança a expressar o seu ponto de vista e ajudando-a a compreender as causas que desencadearam o conflito, com o cuidado de avaliar o grau de sua responsabilidade no ocorrido. Ensinar a criança a descontar não ajuda: a família estará, assim, banalizando um ato incorreto e incitando outra manifestação incorreta. O melhor é sempre procurar a Escola e expor o problema, para que juntos, Escola e Família, possamos encontrar um caminho para a reconstrução de imagens partidas.
Mas de quem é a culpa? Não há culpados quando uma criança se envolve em uma discussão ou conflito. Os pais não devem culpar os professores. A escola é um ambiente de interação social e como tal coloca os estudantes em situações cotidianas que são diferentes das que acontecem em casa. Por isso, diante de uma situação dessas, os pais devem compor com a escola atitudes de acompanhamento e controle do comportamento das crianças envolvidas. É claro que não queremos que nossos filhos apanhem na escola! E também não queremos que batam! Mas é preciso saber que o temperamento humano é sujeito e sensível a fatores diversos: problemas em casa, birra por ter recebido um não, egocentrismo etc. O emocional da criança e do adolescente não é maduro. Eles não estão preparados para absorverem determinadas situações, por isso se irritam. E sabem como mostram essa irritação? Muitas vezes batendo, outras chorando, outras destruindo o brinquedo dos colegas ou algo assim. A “fúria” na infância ou juventude tem muito a ver com as suas experiências emocionais. Com o tempo, tudo tende a se ajustar, e a orientação da Escola certamente ajuda a fazer isso acontecer, mas às vezes é preciso buscar ajuda profissional, para que essa acomodação aconteça com mais facilidade.

Esse é o mundo da escola: um mundo de pessoas em formação, uma oficina de caráter e de modelagem de gente. Essa é a nossa missão. Ensinar só por ensinar, a internet faz isso muito bem. À Escola, à nossa Escola, sempre caberá o desafio de ensinar, a cada novo dia, os nossos alunos a serem pessoas melhores também.