segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Conflito entre os pais afetam a vida dos filhos até a fase adulta



Crianças que crescem em ambientes de conflito serão adultas que reproduzirão tal ambiente em seus lares e na convivência com o parceiro ou parceira. Você pode até não perceber, mas brigas de casal na frente dos filhos podem marcá-los para sempre. Não há como ser diferente. O modelo vivido será projetado na relação com o outro ou outra. Afinal, a criança que cresce testemunhando uma relação tumultuada acha que esse padrão é o que caracteriza uma relação em família. Fica guardada em seu inconsciente essa experiência, como se fosse ela a única forma de se manter em uma relação a dois. Dessa forma, o impacto na vida das crianças é imenso e arrebatador.
Lídia Weber, professora e pesquisadora da Universidade Federal do Paraná (UFPR), pós doutora em desenvolvimento familiar, afirmou: “Sabemos com certeza, que não basta ter ótimas práticas educativas. Os pais também devem ter um bom relacionamento entre eles”. Segundo Lídia, quanto mais os pais brigam entre eles, mais as crianças apresentam dificuldades de se relacionar bem socialmente com os amigos, apresentando, na infância, comportamentos antissociais e, na vida adulta, mostrando-se como alguém que não consegue gerir bem os conflitos com o cônjuge. Outra verdade que se constata é o fato de que quanto mais as crianças percebem a desarmonia dos pais, menos regras os adultos conseguem colocar e mais essas crianças são consideradas “difíceis”. Dessa forma, podemos dizer que quanto mais as crianças percebem um clima conjugal negativo, menor o índice de habilidades sociais.
Kátia Teixeira, psicóloga da Equipe de Diagnóstico Clínico de São Paulo (EDAC), defende o valor da experiência das brigas conjugais para as crianças, desde que não haja agressões físicas e verbais, apenas desencontro de opiniões. Tal fato pode até ajudar as crianças a se colocarem no mundo real, mas é preciso muito cuidado. Casal que não se respeita acaba por oportunizar surgimento de conflito entre os filhos. Portanto, o melhor mesmo é aparar as divergências longe dos olhos dos filhos. Para que isso aconteça, precisamos estar abertos e conscientes de que precisamos preservar os filhos. Piora muito a situação, se o casal resolve incluir os filhos na briga. Não peça que eles tomem partido nem compartilhe com eles o motivo da divergência, para que isso? Eles não têm maturidade e muito menos habilidade para lidar com essa situação.
É comum, também, que as crianças que convivem na família em um ambiente de brigas entre os pais se sintam culpadas, pois entendem que a motivação da briga pode estar relacionada a elas. Aí a situação do emocional dessas crianças é ainda pior. A insegurança, a culpa, o medo e as diversas manifestações psíquicas provocados pelo ambiente estressante em que vivem, poderão facilitar a instalação de ansiedade e depressão infantil. Infelizmente, um diagnóstico cada vez mais presente entre as crianças em todo o mundo. Por isso mesmo, mantenha aberta a janela da família e cuide para que se instale em casa um ambiente harmonioso e afetivo.
Esse tema é recorrente em minhas reflexões, mas o momento crítico que atravessamos em nosso país acaba sendo propício às desavenças e desentendimentos. Por isso, devemos mesmo estar atentos e confiar em nossa capacidade de gerenciarmos as divergências e ouvir o outro em suas razões.

Estamos juntos!


Fonte:
1.       Weber. Lídia, Eduque com carinho. Ed. Juruá.
2.       Site EDAC – Diagnóstico clínico.


segunda-feira, 26 de outubro de 2015

O tique nervoso, será que é emocional?



Aproveitei o feriadão, para, entre outras coisas, aprofundar o meu conhecimento sobre o tique nervoso. Coloquei em prática o meu olhar psicanalítico.
O que seria o tique nervoso? Trata-se de uma contração muscular involuntária de caráter compulsivo. Como a gagueira, o tique nervoso pode ser de fundo emocional. Geralmente aparece na infância, pode passar por um período de latência e volta, na fase da adolescência ou fase adulta, principalmente diante de algum tipo de pressão emocional.
Foram essas manifestações físicas, que chamaram a atenção do pai da Psicanálise, Sigmund Freud. Como médico, sabia que a Medicina não encontrava uma explicação para tais manifestações. Hoje, embora a Neurologia tenha encontrado tratamento medicamentoso através de fármacos para diversos casos, é reconhecida a existência do inconsciente e da força do psiquismo diante desses tipos de manifestações físicas.
Vamos então, entender melhor: conflitos reprimidos represados no inconsciente funcionam como uma forte energia psíquica que pode se tornar insuportável. Assim, uma forma encontrada para “escape” é a linguagem corporal do sintoma psicossomático, no caso, o tique. Por isso, devemos estar atentos. Precisamos identificar em nossas crianças (aquelas que apresentam tique) as razões que estão provocando essa manifestação. A repetição sistemática de movimentos está denunciando uma compulsividade que nada mais é do que a “vasão” da pressão emocional. Muitas vezes não sabemos fazer essa leitura, entender o que está provocando esse transtorno que pode até ser transitório. Como gostamos de falar: “besteira de criança”. Pode ser! Mas, se a ação for prolongada, podemos ter então um déficit emocional instalado e aí é coisa para profissional que tenha experiência com crianças. Não se trata de pediatra. Pense em psicólogos ou psicanalistas. Há o que ser feito e deve ser feito com precisão e qualidade.
Muitas vezes, na escola, os educadores identificam o tique e ajudam os familiares, orientando-os, mas o olhar dos pais é fundamental. É preciso a observação doméstica e o compartilhar do olhar da Escola para que possamos juntos identificar com clareza o quadro e analisarmos possíveis encaminhamentos. Mas, o que devemos mesmo observar? Os tiques de maneira sonora como pigarrear, tossir, grunir, estalar a língua ou os de origem motora como repuxar a cabeça, entortar o pescoço, piscar, fazer caretas, pular etc, são clinicamente conhecidos como transtornos. Há situações graves como a síndrome de tourette que integra tiques motores e sonoros que é um Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC) e aí o quadro é outro.
Uma dica essencial é buscarmos saber se os motivos são ou não emocionais. Cabe reconhecermos se a manifestação é transitória, provocada por uma situação de momento e isso é natural e desaparece, ou se o caso é para terapia. Fato é, que a busca de solução é fundamental para que não ocorra a criação de estereótipos. 


quinta-feira, 8 de outubro de 2015

O outro em meu sujeito: “personagens distintas entre si e de mim”


O outro em meu sujeito: “personagens distintas entre si e de mim”
José Romero

“escrevo, triste, no meu quarto quieto, sozinho como sempre tenho sido, sozinho como sempre serei”.
(Fernando Pessoa, o Livro do Desassossego)

Fernando Antonio Nogueira Pessoa, ou simplesmente Fernando Pessoa, foi um homem culto. Certamente a maior expressão do modernismo português. Buscou-se fazer-se compreender, utilizando-se da literatura como instrumento da sua verdade. Mostrou-se inteiro ao mundo, não por si somente, mas através da criação de seus heterônimos, escritores criados pelo escritor / poeta como forma de se fazer ler em suas indagações e conflitos.
Em um sentido amplo, o autor faz uso de linguagens e personalidades diferentes, na pessoa de cada Heterônimo como meio de expressão dos complexos, recalques e contraditórias existentes em seu aparelho psíquico. Fernando Pessoa, no seu inconsciente tem guardado, que é através da literatura que ele tentará conviver com todo o seu desespero em seus “múltiplos eus”. Como ele mesmo deixou registrado: “há em cada canto da minha alma um altar a um deus diferente”.
A complexidade e grandiosidade da Obra de Pessoa, principalmente a sua quase autobiografia, o livro do desassossego, é uma maravilhosa oferta de seu mundo psíquico e de suas dores, desejos e frustrações. Por isso mesmo, sinto-me atraído para buscar de forma mais profunda, salientar as angústias psíquicas desse que no meu entender é o maior escritor da língua portuguesa do século passado. Não quero aqui, debruçar-me sobre a sua obra e buscar interpretá-la a luz do conhecimento literário, mas sim mergulhar no homem Fernando Pessoa, na sua sexualidade, no sujeito e suas projeções, bem como na transferência de seu eu para eu de cada heterônimo que é a voz de cada eu que o autor convivia na complexidade de seu mundo interior.
“Não sei quem sou, que alma tenho. / Sinto crença que não tenho. / Sinto-me múltiplo / ... uma suma de não-eus sintetizados num eu postiço.”(1)
Seria os heterônimos a multiplicação da genialidade do poeta ou a despersonalização de seu eu? Quais seriam os componentes dos referidos heterônimos? O próprio Pessoa, tinha plena consciência da gênese de seus heterônimos. Em carta enviada a Adolfo casais Monteiro, ele deixou claro que seus heterônimos manifestam-se em três dimensões: psiquiátrica, a história direta dos heterônimos e a gênise dos heterônimos literários. Aqui me interessa mais a parte psiquiátrica. Ele afirma que a origem mental de seus heterônimos está na “tendência orgânica para a simulação. De certa forma, o que aqui temos é a fuga. É ele mesmo quem considera a despersonalização como um traço de histeria. Ele afirma: “estes fenômenos fazem a explosão para dentro...”(2)
Com uma tendência fictícia de ver a vida: “... dizem que finjo ou minto tudo que escrevo. Não. Eu simplesmente sinto com a imaginação...”(3)
Fernando Pessoa se “desconstrói” e se “reconstrói” na pessoa fictícia de personagens com traços de personalidade que distinguem dos traços da própria pessoa. Ou nada disso, seria o próprio Pessoa se personificando em cada Heterônimo que passa a expressar por si em seus desejos e angústias. Assim Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos, são na essência a fala interior de Fernando Pessoa. Segundo o próprio autor, ele consegue ser o outro, sem deixar de ser ele mesmo. Ainda que Fernando Pessoa afirme que não há que buscar em quaisquer deles ideias ou sentimentos dele, por muitas vezes eles exprimirem sentimentos que nunca teve o próprio autor no campo da psicanálise é impossível imaginar que os personagens estariam livres da “contaminação” das experiências de Pessoa. Essa construção de outros, não pode ser conseguida sem que haja neles elementos de vida do próprio autor.
Em psicanálise, essa transferência de personalidade, pode ser entendida como um caso de projeção. Embora o conceito de projeção compreenda diversas acepções que são mal distinguidas. Ele deve ser entendido como um comportamento onde o sujeito mostra pela sua atitude que assimila determinada pessoa a outra: diz-se então, por exemplo, que ele “projeta” a imagem do pai sobre o patrão. Também, o sujeito atribui a outros as tendências, os desejos, etc., que desconhece em si mesmo.(4)
Em carta escrita à Adolfo Casais Monteiro, em 13 de janeiro de 1935, Fernando Pessoa explica a forma como ele mesmo enxergava os seus Heterônimos: “passo agora a responder à sua pergunta sobre a gênese dos meus heterônimos.
Vou ver se consigo responder-lhe completamente.
Começo pela parte psiquiátrica. A origem dos meus heterônimos histérico, se sou, mais propriamente, um histero-neurasténico. Tendo para esta segunda hipótese, porque há em mim fenômenos de abulia que a histeria, propriamente dita, não enquadra no registro dos seus sintomas. Seja como for, a origem mental dos meus heterônimos está na minha tendência orgânica e constante para a despersonalização e para a simulação. Estes fenômenos – felizmente para mim e para os outros – mentalizaram-se em mi; quero dizer, não se manifestam na minha vida prática, exterior e de contacto com outros; fazem explosão para dentro e vivo – os eu a sós comigo. Se eu fosse mulher – na mulher os fenômenos histéricos rompem em ataques e coisas parecidas – cada poema de Álvaro de Campos (o mais histericamente histérico de mim) seria um alarme para a vizinhança. Mas sou homem – e nos homens a histeria assume principalmente aspectos mentais; assim tudo acaba em silêncio e poesia...
Isto explica, tant bien que mal, a origem orgânica do meu heteronismo. Vou agora fazer-lhe a história directa dos meus heterônimos. Começo por aqueles que morreram, e de alguns dos quais já me não lembro – os que jazem perdidos no passado remoto da minha infância quase esquecida.
Desde criança tive a tendência para criar em meu torno um mundo fictício, de me cercar de amigos e conhecidos que nunca existiram. (não sei, bem entendido, se realmente não existiram, ou se sou eu que não existo. Nestas coisas, como em todas, não devemos ser dogmáticos). Desde que me conheço como sendo aquilo a que chamo eu, me lembro de precisar mentalmente, em figura, movimentos, caráter e história, várias figuras irreais que eram para mim tão visíveis e minhas como as coisas daquilo a que chamamos, porventura abusivamente, a vida real. Esta tendência, que me vem desde que me lembro de ser um eu, tem-me acompanhado sempre, mudando um pouco o tipo de música com que me encanta, mas não alterando nunca a sua maneira de encantar.
Lembro, assim, o que me parece ter sido o meu primeiro heterônimo, ou, antes, o meu primeiro conhecido inexistente – um certo Chevalier de Pas dos meus seis anos, por quem escrevia cartas dele a mim mesmo, e cuja figura, não inteiramente vaga, ainda conquista aquela parte da minha afeição que confina com a saudade. Lembro-me, com menos nitidez, de uma outra figura, cujo nome já me ocorre mas que o tinha estrangeiro também, que era, não sei  em quê, um rival do Chevalier de Pas... Coisas que acontecem a todas as crianças? Sem dúvida – ou talvez. Mas a tal ponto as vivi que as vivo ainda, pois que as relembro de tal modo que é mister um esforço para me fazer saber que não foram realidades.
Estas tendência para criar em torno de mim um outro mundo, igual a este mas com outra gente, nunca saiu da imaginação. Teve várias fases, entre as quais esta, sucedida já em maioria. Ocorria-me um dito de espírito, absolutamente alheio, por um motivo ou outro, a quem eu sou, ou a quem suponho que sou. Dizia-o, imediatamente, espontaneamente, como sendo de certo amigo meu, cujo nome inventava, cuja história acrescentava, e cuja figura – cara, estatura, traje e gesto – imediatamente eu via diante de mim. E assim arranjei, e propaguei, vários amigos e conhecidos que nunca existiram, mas que ainda hoje, a perto de trinta anos de distância, oiço, sinto, vejo. Repito: oiço, sinto vejo... e tenho saudades deles.(5)
“Fernando Pessoa não existe, propriamente falando”. Quem nos disse foi Álvaro de Campos, um dos Heterônimos do poeta. No livro Do Desassossego, obra inacabada de Fernando Pessoa. O que temos é um livro negação, pura subversão, o livro desespero, escrito em seu mais profundo desassossego. Muito antes dos “desconstrutivistas” quiseram mostrar a despersonificação do poeta Fernando Pessoa, foi ele mesmo que através de sua genialidade viveu na carne a sua própria anulação. Nessa fantástica obra, o autor nos presenteia com uma autoanálise. Vive e relata no papel o drama de que os acadêmicos querem elucidar. Utilizando-se do texto, sobre o texto o mundo dele em fragmentos nos convida a imaginar que o autor, sem nenhum interesse em compor uma obra literária, apenas faz uso da escrita para se denunciar ao mundo. Como ele mesmo salienta: “tudo quanto o homem expõe ou exprime é uma nota à margem de um texto apagado de todo.(6)
A necessidade emocional de se expressar em uma sociedade ultraconservadora, católica e em um período em que o fascismo domina o cenário político e social da Europa, claro que não é uma coisa simples. Viver nesse contexto, uma crise existencial profunda, parece não existir espaço. Fernando Pessoa é homem de seu tempo, amargo em suas crises e mais do que isso, uma pessoa solitária que via na arte de escrever uma forma de extravasar as suas frustrações. Seu ser é nitidamente conhecido como alguém que convive com enorme perturbação, destiladas no narrador retórico e no poeta recatado em seus valores.
A crise existencial, a abstinência sexeral com a impossibilidade de possuir outro corpo, na dimensão do amor, torna Fernando Pessoa, um enorme recalcado. Seu desassossego é na verdade uma perturbação de ordem existencial tão grande que o levou a descrença na fé, por ele entendida como uma “produção doentia”. Conviver com um eu tão conturbado parecia a ele uma tarefa muito difícil, daí a clara busca de expor seus conflitos, através de personagens criados como canais de comunicação com o mundo exterior. O oculto, se revelando no outro “que não é ele”, garantia o conforto de suas aflições em noites embriagadas no álcool e nas emoções conflituosas.



Bibliografia:
  1. Cleonice Berardinelli (org.) Fernando Pessoa – obras em prosa, vol. Único. Ed. Nova Aguilar, Rio de Janeiro, 2004.
  2. Idem, pag. 95.
  3. Obra poética. Fernando Pessoa. Ed. Nova Aguilar S. A, 1992, pág. 165.
  4. Laplanche e Pontalis. Vocabulário da psicanálise, pág. 375.
  5. Trecho da carta de Fernando Pessoa, onde esclarece a origem de seus heterônimos. Carta escrita à Adolfo Casais Monteiro – 13 Jan. 1935. CX Postal 147. Lisboa.
  6. Pessoa. Fernando, Livro do Desassossego. Ed. Companhia das letras, trecho 148.

sexta-feira, 2 de outubro de 2015

A escola tem que ter uma abertura para o mundo e o conhecimento do outro



O conhecimento do outro e o do mundo são saberes essenciais em uma Escola que se propõe a ensinar para a vida. Levar os alunos a olharem para a diversidade, ensinando-os a conviver com o diferente é fundamental não só para eles conhecerem o mundo real, onde vivem e se realizam como pessoas, mas também para que, conhecendo os outros, respeitando as diferenças, eles possam também se conhecer melhor e se posicionarem mais positivamente diante do mundo. A escola é, portanto, o espaço de formação (e informação) de pessoas. É o espaço do convívio humano nas suas primeiras práticas da existência. A escola, então, educa.
Educar é, entre outras definições, “trazer para fora” as nossas melhores possibilidades; é também aperfeiçoar o estilo de vida, tornando-nos mais humanos e menos predadores. Precisamos ser mais generosos e menos suicidas no sentido de nossa própria existência humana. Por isso, devemos estar abertos para as inovações, para a velocidade da informação e para a escuta do outro. Temos um mundo melhor, à medida que buscamos melhorar as nossas relações e o nosso entendimento do mundo. A escola é a oficina que molda o homem em valores, mas também é a oficina que forja o homem crítico capaz de conviver com os outros e acima de tudo se preparar para a felicidade. É também o teatro que encena peças na vida, dando às pessoas (alunos) a exata dimensão do que a vida irá querer de cada um. É na escola que, em primeiro lugar, aprendemos a lidar com rotina, disciplina, desafios, vitórias e frustrações. É na escola que ouviremos as vozes do mundo saindo da boca desse mundo e não de nossos pais. É na escola que conhecemos o outro e onde as janelas do mundo são escancaradas para que possamos tomar consciência desse mundo real. É na escola que o aluno é chamado à liderança, a compartilhar com o outro desconhecido e a aprender a se controlar e a se posicionar. Na escola, ele é o possível de ser a seu modo, sem que a absoluta proteção caia sobre as suas ações e comportamento.
Essa escola do século XXI se propõe a ser mais simples, mais capaz e mais eficiente para a aprendizagem e para facilitar o diálogo com a comunidade. Ter conhecimento e informação não é mais privilégio da escola, e alunos encontram na rede mundial tudo o que querem saber. A informação foi transformada em conhecimento, a partir da navegação na Internet. A escola, que era o centro irradiador (exclusivamente) dos saberes, vem ganhando um novo perfil. Em seu portfólio está a missão de ser facilitadora do desenvolvimento das relações humanas e o espaço de trocas sociais e culturais entre os membros de sua convivência. Ela ganha, então, importância no que tange não só às habilidades técnicas e às funções cognitivas: vem assumindo o papel de proteger a emoção, gerir os pensamentos, trabalhar perdas e frustrações, proatividade e capacidade de reinvenção. A Escola está sendo chamada, como instituição educadora, a libertar a criatividade e a construir relações saudáveis.
Escola que não valoriza a invocação das práticas e das relações sócio-culturais vigentes está presa no passado. Escola tem que avançar em seus ideais e gerar um ambiente de mudanças. Escola que reproduz práticas e ideias do passado permanece no passado, não consegue encontrar e se comunicar com o seu público. Não consegue conhecer o outro que está em seu mundo. Nesse momento, lembrei-me aqui de Fernando Pessoa, no heterônimo de Alberto Caeiro, que, escrevendo sobre escola, educação e o que havia aprendido, disse: “procuro despir-me do que aprendi. Procuro esquecer-me do modo de que me ensinaram, e raspar a tinta com que me pintaram os sentidos, desencaixotar minhas emoções verdadeiras, desembrulhar-me, e ser eu...” é isso. A escola verdadeira é a que permite que seus alunos construam o seu eu, a partir de suas vivências e tomadas de decisão amadurecidas pelos saberes que não formataram o indivíduo, mas sim ofereceram as ferramentas para a construção da felicidade e da plenitude. Portanto, a Escola tem que ser inovadora, provocadora, humana e capaz de transformar.


segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Mas, o que é a Educação 3.0?


O grande educador brasileiro Paulo Freire, falecido em 1997, já havia anunciado as mudanças pelas quais a educação passaria, a partir de uma pedagogia mais participativa e colaborativa. Essas mudanças certamente estão impactando nos modelos pedagógicos vigentes e provocando uma verdadeira revolução silenciosa na educação. Estamos falando de uma nova concepção, um novo conceito e uma nova pedagogia, que ganhou o nome de Educação 3.0. Esse conceito foi utilizado inicialmente no ano de 2007 pelo Prof. Derek Keats, da Universidade de Witwatersrand, de Joanesburg. A ideia era produzir um conceito para a proposta de introduzir na prática de ensinar o aprendizado colaborativo e personalizado, a partir de uma visão mais holística do educando.
Preparar os estudantes desta nova geração para o mercado de trabalho está exigindo das escolas e dos educadores uma nova postura, levando ao engajamento dos alunos motivados a dar respostas aos desafios de hoje e do futuro, e a enxergar o aprendizado como uma ação contínua que não se restrinja às oportunidades oferecidas pelos professores, mas que oportunize ao aluno buscar e construir saberes inerentes às suas necessidades de aprendizagem e interesse em um ambiente físico acolhedor e de posse de tecnologias digitais para o suporte da aprendizagem. As salas de aula de hoje se transformarão em ambientes onde o mobiliário e a dinâmica do aproveitamento do espaço garantirá aos alunos acesso às informações sem necessitarem de livros ou mesmo biblioteca. Os educadores, por sua vez, deverão estar habilitados para lidar com alunos cada vez mais conectados e informados. Terão, então, que ser mais orientados para a solução de problemas do que “passadores de informação”, “dadores de aulas”. 
Ao contrário do que muitos podem pensar, a escola 3.0 não é aquela que troca a lousa de giz pela lousa digital, ou o caderno pelo tablet para simplesmente continuar transmitindo o conhecimento. Ela é, antes de tudo, uma nova concepção de ensinar, como ensinar e com o que ensinar e avaliar. Esse é o desafio para todos os educadores do mundo e essa nova pedagogia já é realidade em vários países da Europa e também nos EUA. De forma objetiva, a ideia principal é levar os alunos a trabalharem em problemas que valem a pena resolver, produzindo em conjunto, através de pesquisa, aprendendo a criar histórias, empregando diversas ferramentas, sendo curiosos e criativos, como é necessário que sejam as pessoas ativas do século XXI. Hoje, na vida e no trabalho, as pessoas vivem e trabalham em pequenos grupos. Elas resolvem problemas juntas. Usam ferramentas digitais, apresentando novas ideias para os outros, reunindo informações de vários conhecimentos para a solução dos problemas. Elas conversam umas com as outras, utilizando-se de muitos veículos de comunicação e interação colaborativa.
A escola 3.0 precisa evoluir a ponto de ser parte dessa cultura produtiva e relacional de nosso século. Os alunos necessitam de conexão com o mundo e de um ambiente desafiador. Ainda estamos com um modelo 2.0, mas avançando para o modelo 3.0. Jim Lengel, consutor e professor da Universidade de Nova York, concorda que a escola de hoje necessita evoluir para o mesmo modelo de trabalho executado hoje pelas grandes corporações em todo mundo. A escola tem que propiciar aos estudantes um ambiente físico e pedagógico que se assemelhe ao que ocorre no mundo do trabalho contemporâneo. É preciso contextualização com o mundo atual, com as novas tecnologias e demandas do nosso mundo e do mundo em que nossas crianças viverão. 


terça-feira, 8 de setembro de 2015

O mundo que nos formou não existe mais



Recentemente acompanhei pelo YouTube uma série de palestras do Historiador Leandro Karnal. Ele é doutor em História pela USP (Universidade de São Paulo) e docente na UNICAMP (Universidade Estadual de Campinas). É dele a tese “mundo líquido”. Esse mundo é o mundo em que vivemos; é o mundo globalizado com tudo o que ele carrega. Nós vivemos nesse “mundo líquido”, e a distância de realidade entre as gerações é enorme. O mundo em que vivemos durante nossa infância não é o mundo em que vivem os nossos filhos. Nem de perto!
É muito comum querermos transmitir aos nossos filhos as boas vivências de nossa infância. Sonhamos em ver as nossas crianças correndo livremente, brincando com os amigos, subindo em árvores, jogando chimbras, queimado e estudando em um modelo de escola que nós estudamos. Muito difícil... O mundo mudou, e mudou muito rapidamente.
Quando eu era criança, não havia internet, telefonia móvel nem redes sociais. Aliás, não havia mamão papaya e nem kiwi, que veio do sul da China. Sou de uma geração que escrevia carta, falava ao telefone usando um aparelho em que precisávamos discar os números com o dedo indicador. Quando professor, lecionei utilizando o “quadro negro”, o giz e rodando provas no mimeógrafo, da mesma forma que quando estudei. Ver hora em relógio de ponteiro e assistir a TV em cores era o máximo. Melhor ainda foi o retro-projetor. Que tecnologia maravilhosa! O melhor emprego era o do Banco do Brasil ou das Forças Armadas e a alegria era o Natal para ganhar roupas e presentes. Somos da época em que tomar leite com manga fazia mal e que ter 50 anos era ser idoso. Esta nossa geração aprendeu a datilografar para ter uma boa colocação no mercado de trabalho e o sonho era um bom concurso público. Mas tudo isso ficou no passado.


O mundo mudou, tornou-se líquido. Hoje, a tecnologia tomou conta das relações pessoais e os “melhores amigos” estão nas redes sociais. Até o namoro está lá também. Perdemos referências importantes. O que é o fim de um mundo não é mais o fim do mundo. Acreditávamos que o mundo acabaria em 2000, e já se passaram 15 anos. Mas o que está mesmo acabado é aquele mundo em que vivíamos, principalmente os mais antigos de nós. Lembrem-se de que mesmo que vocês sejam pais ainda novos hoje, o abismo em relação aos seus filhos, quando estes crescerem, também terá crescido.
Somos uma geração de outro mundo, educados em escolas para aquele mundo. Mas elas não podem permanecer lá, naquele tempo. As escolas precisam evoluir para acolher, ensinar e formar as crianças e jovens da Educação 3.0. Essa adequação não pode ser só tecnológica; acima de tudo, tem que ser de quebra de paradigmas. Os valores e conceitos do passado terão que se adaptar às vivências do presente e às do futuro que chegarão.  Por mais que lutemos, a evolução clamará por inovação, e novos conceitos, em um movimento dialético, superarão os conceitos antigos.
O mundo muda, sempre mudou e agora vem mudando com muito mais velocidade. A família e a educação têm a missão de estreitar o abismo que separa as gerações e construir pontes que liguem a realidade daquele tempo com a atual, para que as crianças e jovens de hoje consigam se realizar, a partir de seus desejos e da forma como enxergam o mundo. A educação, acima de tudo, deve ser também o agente que acolha e que promova mudanças. Educamos jovens para o mundo dos jovens. Formamos pessoas para viverem o seu tempo e não um tempo passado. A educação tem que respeitar a tradição, mas tem que ter a coragem de ousar.
A vida está mais longe. Viver é compartilhar; amigos são virtuais; a comunicação está sendo feita ao teclar e não ao falar. Não mais somos donos de nossos desejos, mas sim presos ao modismo desse mundo líquido. Fechar os olhos para isso é ficar no passado. E se nós ficarmos lá, como iremos nos comunicar com as crianças e jovens que estão aqui no presente? Se negarmos a evolução, estaremos negando educar crianças e jovens da nova geração. Se não estivermos conectados com esse mundo, estaremos sem condições de realizar trocas com nossos filhos e alunos. Quem o fará? Algum tutor nas redes? Quem os compreenderá? Onde eles terão espaço para se expressarem? Será nos sites de Bate-Papo? Precisamos urgentemente acompanhar as mudanças e as alinharmos aos nossos filhos e alunos.
A educação está atenta às mudanças. Ela é parte dessas mudanças e vem se adaptando. Hoje, fala-se no mundo em “Educação 3.0”. Em síntese, esse modelo traz tecnologias digitais e saberes compartilhados. A “Geração Y” quer uma escola mais participativa, conectada, desafiadora, com aprendizado colaborativo e personalizado. A Educação 3.0 propõe uma pedagogia construtiva capaz de quebrar paradigmas na metodologia como um todo. O aluno está sendo chamado a utilizar novas plataformas não só tecnológicas, mas também na forma de se buscar o conhecimento e, principalmente, os saberes que são realmente importantes para a vida. Educadores e “Espaço Escola” estão em transformação. Professores terão que se preparar para alunos mais críticos, e o professor deverá ser mais um orientador. Alunos deixarão de trabalhar sozinhos e passarão a compartilhar saberes com os seus pares. A aula expositiva cederá lugar a plenários, e os smartphones e iPads estarão livres para as consultas. Os alunos aprenderão de forma livre utilizando-se de uma extensa bibliografia de textos eletrônicos, tutoriais online, aprendendo a ser curiosos e criativos. O aluno será o foco do processo, e não o conteúdo que ele trouxe para a aula. Alunos deverão ser avaliados através de suas próprias “réguas” e não por uma única “régua”, como faz o professor da Educação 2.0, essa educação que já está no passado. Os alunos serão instigados em suas habilidades e competências e poderão trocar saberes em mesas dispostas a proporcionar as trocas. Ela será uma escola inovadora para a geração de seu tempo, do tempo de agora.
A Escola da Educação 3.0 já existe em países pelo mundo comprometidos com as mudanças e já tem sido base para nós educadores nos adaptarmos a essas inovações. Tudo deverá ser feito a seu tempo, mas quem dita o tempo não são as nossas escolhas. É a evolução.


terça-feira, 25 de agosto de 2015

As mães podem aprender com os pais?



Semana passada, um casal de amigos me confidenciou que necessitava de ajuda. Eles têm um filho temporão com 5 anos de idade, e a criança, segundo relato deles, está insuportável. Autoritária, manipuladora, o centro das atenções. De imediato pensei... Essa criança tem a “síndrome da criança imperador”. Ouvi o depoimento da mãe e também a fala do pai. É incrível como os problemas nos filhos sempre têm a ver com a conduta dos pais. Afirmo e reafirmo sem dar trégua: Somos sim os responsáveis por tudo o que acontece no emocional de nossos filhos. Contudo, quero aprofundar o meu entendimento, a partir da escuta do casal.
A despeito de toda idealização de que as mulheres são “mães natas”, o pai tem também um papel fundamental na vida dos filhos. Aliás, o que tenho mais refletido ultimamente em Psicanálise é exatamente o impacto do pai (figura masculina) na vida dos filhos, sob o ponto de vista do emocional. Na verdade, educar é um projeto conjunto e, de acordo com o psicanalista Rubens Maciel, o pai e a mãe irão preparar os filhos para a vida. Alguns estudiosos afirmam, até, que os pais costumam ter mais habilidade do que as mães, pois eles oportunizam mais “janelas de negociação” em situações de conflito. A função de pai e de mãe, então, se completa na tarefa de educar.
É surpreendente a forma como o pai conduz a educação dos filhos de forma mais abrangente e menos protetora. Ele costuma deixar os filhos se arriscarem, tirando as crianças da zona de conforto. A visão paterna de que o risco é necessário à criança a torna mais autônoma e futuramente mais segura em suas escolhas. Também é o pai quem mais brinca de forma participativa com os filhos. Parece que age como criança em casa, quando brinca com os filhos. A mãe é mais reservada nas brincadeiras de pular, jogar ou mesmo “bagunçar”. Pode ser estranho, mas essa negligência gostosa, que o pai fomenta, desperta a criatividade e autoconfiança nas crianças.
Outro aspecto muito interessante é que as expectativas do pai em relação aos filhos são diferentes das expectativas da mãe. Para o pai, ao contrário da mãe, as frustrações não se transformam em sentimento de culpa. Há também pouca pressão externa acerca do desempenho dos pais e isso os deixa mais livres e soltos. É o pai, também, quem dá menos importância aos pequenos problemas. A mãe valoriza muito as situações; o pai é mais tranquilo, menos impositivo e mais rápido nas decisões. Ele também costuma ser mais enérgico e estipula metas mais exatas. São firmes, porém mais pacientes, deixando os filhos mais à vontade. Está vendo? O pai deve participar mais da educação dos filhos. Bom para ele, para a mãe e para as crianças!
Um cuidado, contudo, deve ser tomado: nunca poderá existir controvérsia no posicionamento de pai e mãe em relação à conduta com os filhos. Pelo menos nunca na frente das crianças. Elas, com certeza, usarão essa divergência para tomarem conta da relação e se imporem emocionalmente. Por isso mesmo, pai e mãe têm que estar bem sintonizados. Para tanto, um bom diálogo resolve tudo.



sexta-feira, 14 de agosto de 2015

O padrão mental: como “fabricar” filhos equilibrados emocionalmente?



Filhos equilibrados emocionalmente e felizes na vida, tenho certeza absoluta, é o desejo de todos nós, pais. Mas, na ânsia por fazermos certo, muitas vezes somos atrapalhados por algum desajuste emocional nosso. O que estou tentando dizer é que causamos efeitos para toda vida de nossos filhos quando somos emocionalmente ineptos. Muitas vezes nosso comportamento emocional pouco equilibrado irá imprimir em nossos filhos um modelo, um padrão mental e emocional de ser. O modo de vida que temos em família acaba sendo a aprendizagem de desequilíbrio emocional de nossos filhos.
Jovens ou adultos que apresentam estresse em seus relacionamentos sociais certamente estão reproduzindo um padrão assimilado de seu pai ou de sua mãe. Pesquisas realizadas em Nova York por Daniel Goleman apontam que pais muito rigorosos na disciplina de seus filhos foram da mesma forma tratados por seus pais. A transferência é fato, e a reprodução desse padrão mental persiste em gerações. Isso se nada fizermos para mudar, é claro!
Exemplos vividos são passados de pais para filhos e, por isso mesmo, precisamos estar atentos. Muitas vezes, o modelo, o padrão mental estabelecido em nossa relação familiar pode estar reproduzindo crianças com as mesmas “fissuras emocionais” que nós temos. Assim, vamos nos conhecer um pouco mais para que possamos identificar o padrão mental em que estamos sintonizados. Pode ser que estejamos tão absorvidos em nossa vida, em nossa rotina, que em momento algum nos questionamos sobre nossos atos e a forma como emocionalmente nos relacionamos com os nossos filhos.
Eu precisei mudar o meu padrão mental, para atingir melhor qualidade no relacionamento emocional com os meus filhos. Como “filho de peixe, peixinho é”, reproduzia o mesmo padrão mental e de relacionamento de meu pai, ao lidar com os meus filhos, principalmente com o mais velho. Estava equivocado. Precisei de um bom tempo para acertar isso. Para tanto, foi necessária uma reflexão interna e uma revisão nas coisas do meu eu. Nada fácil, mas consegui.
Assim, o que tenho que compartilhar com você é isto: para reavaliarmos o relacionamento que temos com os nossos filhos, é preciso, primeiro revermos internamente o nosso relacionamento com os nossos pais. É fundamental sabermos como anda o nosso relacionamento emocional com os nossos filhos e como esse relacionamento está impactando na vida deles. O resgate do passado e a mudança do padrão mental é essencial. Além disso, é preciso oportunizar aos nossos filhos uma aprendizagem emocional. Para tanto, precisamos estar atentos aos indícios de raiva, medo, impaciência, agressividade e somatização, aos indicativos de que algo anda desequilibrado. É necessária também uma revisão interior sobre a forma como estamos nos dirigindo aos nossos filhos. Precisamos estar atentos. Há estudos que constatam que a negligência, pura e simples, pode ser mais prejudicial que os maus-tratos diretos. Por esse estudo, crianças negligenciadas no amor e na atenção são as que apresentaram o pior desempenho na escola e nas relações interpessoais. São mais ansiosas, desatentas e apáticas, alternando agressividade com retraimento.
A primeira oportunidade para moldar os ingredientes da inteligência emocional é nos primeiros anos de vida, embora essas aptidões continuem na formação permanente do ser humano. Elas devem crescer com autoconfiança, interessadas e sabendo qual o comportamento que devem ter diante de uma situação que envolve o emocional. Também devem saber como frear o impulso de se comportar mal; precisam ser capazes de aguardar a sua vez, seguir orientações e de procurar ajuda quando necessário. É necessário que tenham competência para expressar as suas necessidades e que não tenham medo de desafiar. Com essas habilidades, nossos filhos serão crianças felizes e adultos realizados. Não é nada tão difícil assim, depende de nós!


Bibliografia: Daniel Goleman. Inteligência emocional –
A teoria revolucionária que redefine o que é ser inteligente. Ed. Objetiva, 2007.


segunda-feira, 10 de agosto de 2015

A Celebração do Dia dos Pais


Comemorarmos o Dia dos Pais é, especialmente para mim que sou pais de três filhos, uma enorme alegria. Espero essa data com expectativa, pois acho muito importante o nosso papel de pai. Sei que em nossa cultura, historicamente se atribui papel de destaque às mães, mas acredite, nós pais somos tão importantes quanto as mães. No plano emocional, a figura paterna tem importância de grande significância e de muita relevância na vida de nossos filhos. A figura do pai é aquela que sugere a proteção, o esteio necessário ao desenvolvimento sadio da psique de nossos filhos.
 O Dia dos Pais no Brasil é comemorado no segundo domingo de agosto. Isso faz com que haja uma variação na data, caindo em dias diferentes.
O primeiro registro de homenagem a um pai surgiu na antiga Babilônia, há mais de quatro mil anos, onde um jovem modelou e esculpiu um cartão para seu pai, desejando sorte, saúde e muitos anos de vida.
Porém, a história mais conhecida em comemoração ao dia dos pais é a de William Jackson Smart, um ex-combatente da guerra civil que perdeu sua esposa quando os seis filhos eram ainda bem pequenos, criando-os sozinho. Sua filha Sonora Smart resolveu homenageá-lo, no ano de 1909, em razão da admiração que sentia, por ele ter dedicado sua vida aos filhos e ter conseguido criá-los muito bem. A data escolhida foi a de nascimento de Willian, dezenove de junho. Aos poucos a data passou a ser difundida a outras famílias da cidade onde moravam, no estado de Washington, sendo espalhada por todo país, até que o presidente Richard Nixon tornou-a oficial.
Nos Estados Unidos a data ficou estabelecida para ser comemorada no terceiro domingo de junho, assim como África do Sul, México, Canadá, França, Turquia, Venezuela, dentre outros. Na Austrália e Nova Zelândia a comemoração acontece no primeiro domingo de setembro; na Rússia, no dia vinte e três de fevereiro; na Tailândia, no dia cinco de dezembro; e na Itália, no dia 19 de março, dia de São José.
A data passou a ser comemorada no Brasil a partir de 1953. Várias entidades da imprensa se juntaram a fim de promover um concurso onde homenageariam três tipos de pais: o pai com maior número de filhos, o pai mais jovem e o pai mais velho. Os vencedores foram um pai com trinta e um filhos, um pai de 16 anos e um pai com 98 anos.
Como eu disse, a importância do pai na vida dos filhos é algo a se considerar. Lembro-me muito de meu pai e de minha relação com ele. Confesso que tivemos muitos conflitos na adolescência e que o impacto em minhas emoções foi muito grande. Busco superar tudo isso, procurando ser um pai presente, amigo, conselheiro, participativo e acima de tudo amigo de meus filhos.
 Desejo a todos os pais de nossa escola, um dia de muita luz e também um tempo de reflexão. Que o compromisso de amor e responsabilidade desça a nós e que Deus Pai nos ilumine em nossa caminhada.
 Feliz Dia dos Pais!                                        

Adaptação do artigo da pedagoga Jussara Barros.

sexta-feira, 31 de julho de 2015

O ambiente familiar: celeiro de emoções



No artigo anterior, eu me dirigi a vocês apresentando um pouco da teoria da neurociência e da neuroeducação. Em todo o mundo, os olhares acadêmicos estão voltados para essas teorias. Há centenas de estudos que demonstram que a forma como os pais se relacionam com os filhos, se com rígida disciplina ou empática compreensão, indiferença ou simpatia, está impactando em suas inteligências emocionais.
Mas o que é inteligência emocional? A Psicologia descreve a inteligência emocional como a capacidade que a pessoa tem de reconhecer os próprios sentimentos e os dos outros, assim como a capacidade de lidar com eles. Ora, o que isso tem a ver com o ambiente familiar? Recentemente descobriu-se que ter pais emocionalmente inteligentes é em si um enorme proveito para as crianças. A maneira como o casal lida com os seus sentimentos passa poderosas lições para os seus filhos.
Como o tema é novidade para muitos, acho interessante aprofundar um pouco sobre o que estou abordando, por isso listei o perfil de pais emocionalmente inábeis.

Observe alguns aspectos:

·        Ignorar qualquer tipo de sentimento, banalizando as perturbações emocionais dos filhos.
São os que acham que tudo passa e não aproveitam essas situações para se aproximar dos filhos;
·         Achar que as crianças saibam lidar com as tempestades emocionais.
São aqueles que tentam compensar os filhos emocionalmente com presentes para que não fiquem tristes e não aprofundam no problema;
·         Ser muito rigoroso e não respeitar o que as crianças sentem.
São os pais que berram irados com a criança, quando ela tenta argumentar.

Muito bem, aí temos as características mais comuns de pais com pouca habilidade emocional. Mas, qual seria o papel dos pais inteligentes emocionalmente que ensinam os filhos a conhecerem e a desenvolverem a sua inteligência emocional? Aqueles que aproveitam um momento de perturbação dos filhos para agir como uma espécie de treinador ou mentor emocional. Levam os sentimentos dos filhos tão a sério que fazem tudo para entender o que realmente está acontecendo. Acolher, conversar, compreender, acompanhar, participar, apoiar, corrigir, interagir, amar, isso é demonstrar esse amor. O impacto de uma paternidade exercida nesses termos é muito significativo. Sabemos que à medida em que crescem, as crianças vão adquirindo maturidade para chegar a um outro nível de aprendizagem emocional. O melhor caminho, até então, é afeição e menos tensão.
A primeira oportunidade para moldarmos os ingredientes da inteligência emocional é nos primeiros anos de vida, quando a criança ainda está formando a sua personalidade. Esse ensinamento emocional elas levarão por toda a vida. Crianças estimuladas de forma positiva e amorosa pelos pais, certamente terão mais energia emocional em suas vidas. Essas crianças crescerão com mais confiança, com curiosidade para descobrir emoções novas, autocontrole para controlar as próprias ações. Também terão mais capacidade de relacionamento e comunicação com as pessoas. Terão mais cooperatividade e habilidade de contornar crises. Que maravilha!
Crianças bem resolvidas emocionalmente... adultos felizes e emocionalmente competentes. O sucesso está aí: lidar bem com as emoções e criar oportunidades de bom relacionamento e comunicação adequada. Quem sabe lidar com tudo isso torna-se uma pessoa resiliente. Os grandes líderes são tudo isso. Por isso, eu me dirijo a vocês, pais. Nós temos em mãos a chave para abrir o portão da felicidade para os nossos filhos. Uma boa inteligência emocional, uma boa escola e boas companhias é tudo o que eles precisam para brilharem. A autocofiança, a fé em si e em Deus os empurram para o sucesso e a felicidade.

Fonte: Inteligência Emocional de Daniel Goleman.
Ed. Objetiva.


segunda-feira, 27 de julho de 2015

A criança e o adolescente brasileiro: A questão da aprendizagem escolar




Sou membro da Comunidade Aprender Crianças, que é a primeira comunidade acadêmica no Brasil dedicada ao aprimoramento do ensino e aprendizado através dos avanços nas pesquisas sobre o cérebro. Esta comunidade é liderada pelo Prof. Dr. Marco Antônio Arruda, da USP-RP (Universidade de São Paulo, Campus Ribeirão Preto) e fundador do Instituto Glia, maior centro de estudo e cura da cefaleia infantil e da Neurociência e Neuroeducação. Com sede em Ribeirão Preto- SP, o Instituto Glia é referência mundial no assunto. Como o tema é muito pertinente e como temos avançado muito nos diagnósticos de déficit de atenção, hiperatividade, desenvolvimento emocional e deficiências, quero muito compartilhar alguns resultados de pesquisa que muito ajudará você, no acompanhamento do aprendizado de sua criança.
Sempre queremos entender as razões do baixo rendimento escolar. Claro que existem diversos casos e cada um é um, no universo infantil. A diversidade de casos, no entanto não atrapalha um trabalho de investigação acerca das raízes do problema. Apenas sedimenta e reorganiza a pesquisa. De maneira geral e com intenção apenas informativa, compartilho aqui alguns fatores de risco para um baixo desempenho escolar obtidos através de análise estatística:

1. Meninos apresentam um risco de até 1, 7 vez maior;
2. Adolescentes apresentam um risco de até 1, 6 vez maior do que crianças;
3. Filhos de pais separados um risco de até 1, 5 vez maior;
4. Crianças e adolescentes que não moram com os pais têm um risco até 1, 8 vez maior;
5. Baixo grau de instrução do chefe da família é um risco até de 5, 8 vezes maior;
6. Pertencer à classe econômica baixa (D / E) implica um risco de até 4, 8 vezes maior;
7. Se, para os pais, a criança ou adolescente não é feliz, o risco é 2, 8 vezes maior;
8. Se a criança ou o adolescente é portador de TDAH, tem-se um risco 15 vezes maior;
9. Se a mãe ingeriu substâncias, com álcool ou drogas leves durante a gestação da criança, o risco é 1, 7 vez maior;
10. Se a criança ou o adolescente é incapaz de adiar recompensas, temos um risco 2 vezes maior.

Mas nem tudo é problema. Nós temos boas dicas que nos ajudam a diminuir o impacto negativo dos fatores de risco que enunciamos acima. É possível desenvolvermos os fatores de proteção, a partir de ações e transformações sociais que não são de alcance imediato, mas surtem efeitos a médio prazo.

No entanto, há ações positivas que dependem exclusivamente de nossa intervenção imediata:

1. Sono: o sono é fundamental para o desenvolvimento e desempenho cognitivo da criança. Crianças e adolescentes que dormem mais de 8 horas por noite apresentam uma chance de 1, 9 vezes maior de ter altos índices de saúde mental e desempenho escolar em comparação com aqueles que dormem menos do que 8 horas. Nossa moderna sociedade globalizada vem literalmente tirando o sono de nossas crianças e adolescentes. Essa falta de sono advém da exposição ao mundo digital, TV, Internet, consumo exagerado de cafeína, consumo de chocolate em demasia, telefone celular acompanhando a criança ou adolescente na cama etc. Essa falta de “higiene do sono” leva a pessoa a desregular o seu “relógio biológico”. Além da produção de hormônios, o sono é responsável pela restauração do metabolismo cerebral e consolidação da memória e do processo de aprendizagem.
2. Acesso à mídia eletrônica: excesso de jogos eletrônicos provoca compulsão e isolamento social da criança e adolescente. Além da exposição visual e auditiva, crianças e adolescentes costumam torna-se mais agressivos e “elétricos”, o que dificulta a atenção e, consequentemente, a aprendizagem. Aprender exige concentração e, principalmente, calma. “Crianças elétricas” têm mais dificuldade em concentrar e aprender. Na escola, costumam estar vivenciando conflitos com colegas e um enorme desassossego, pois não aprendem. Portanto, cabe aos pais administrarem o acesso de seus filhos às mídias.
3.  O clima de segurança em casa: a criança e o adolescente necessitam, para o seu bom desenvolvimento, de um lar seguro. A segurança aqui é emocional. O ambiente deve ser acolhedor, e eles precisam sentir a segurança de que, se preciso for, terão o apoio necessário. Os pais não são professores nem psicólogos, mas são parceiros dos filhos em suas tarefas escolares e no diálogo franco e aberto. A insegurança leva à negligência, e essa cultura interfere no comportamento e no bom aproveitamento escolar das crianças. Precisamos estar atentos!

O que então devo fazer?

1. Manter uma comunicação eficiente com os filhos. Não se trata apenas de falar, mas ouvir com atenção e explicar com clareza os motivos da negativa quando for o caso;
2. Mudar roteiros negativos, criando hábitos saudáveis, levando os filhos a cumprirem obrigações. Regular o uso de mídias e acesso à TV e colocar regras na rotina diária.
3. Amar de forma que os filhos se sintam especiais e compreendidos. Amor de pai e de mãe é diferente dos outros amores. Ele deve ser um “amor responsável” que saiba dizer não quando necessário, que discipline e que crie laços de confiança;
4. Aceitar os filhos como eles são. Toda criança é única e não adianta comparações entre elas. Havendo aceitação, aí sim, os pais poderão estabelecer as suas expectativas. Temos que desejar para nossos filhos aquilo que cada um consegue atingir. Todos têm talentos e habilidades. Ajude-os a encontrar;
5. Ajude-os a compreender que aprendem com os erros, que nós erramos mesmo e que errar não é problema. A punição simples e banalizada não irá surtir efeitos. Ensine-os o que é certo e ensine com exemplos.
Como podem ver, a escola tem um papel importante na relação ensino-aprendizagem de seu filho, mas a família, os pais em especial, tem uma grande parcela. Saibam mais sobre a Neurociência e a Neuroeducação acessando o site: www.aprendercriança.com.br, muito teremos lá para conhecer.



segunda-feira, 20 de julho de 2015

Ninguém compreende o outro?



Somos, como disse o poeta, ilhas no mar da vida. Corre entre nós o mar que nos define e separa. Por mais que nos esforcemos para descobrir o que há com o outro, jamais saberemos se não dermos ao outro o direito de falar por si. Temos a experiência crua de enxergar o outro, a partir do que construímos em nossa mente, sem até ter ouvido algo da boca daquele outro. Muitas vezes somos a verdade única, a certeza absoluta. Nós nos achamos certos, absolutos e, vestidos em nossa toga, julgamos o outro, apenas com valores nossos. Fazemos isso com o outro desconhecido, anônimo em nossas emoções, e também com o outro conhecido, amado e de nossa convivência.
Tenho pensado muito no outro. Esse outro é aquele que não sou eu. Tanto faz se é o meu filho ou o meu colaborador. O vizinho ou outro qualquer. O meu aluno, o professor... o outro. Como é importante olharmos o outro na perspectiva dele. Precisamos ver no outro a sua substância, a sua história e as suas manifestações. Dessa forma, as relações interpessoais tornam-se mais saudáveis e o respeito mútuo gera cumplicidade e afetividade. Em casa, os outros que lá existem precisam que nós os vejamos por outro prisma. Tenho percebido que muitos conflitos (e consequentemente afastamento entre as pessoas que se amam) vêm da forma turva que os enxergamos. Se não vemos, como será possível o diálogo? Não podemos ser do tipo imperativo, senhor de toda razão. A harmonia exige que, no diálogo, a escuta seja tão prudente quanto a fala. Não podemos prover uma boa relação, sendo unilaterais. Precisamos ouvir o outro para passar a ele a nossa experiência.
Em nossos dia-a-dia, nós, pais, cônjuges e profissionais, muitas vezes não damos conta do outro. Achamos que a eles cabe apenas o papel que nós atribuímos. Há momentos, e não são poucos, que a monotonia se ocupa de tirar o brilho e a alegria de nossas vidas. Precisamos estar atentos. Em nossos filhos, existe o outro, independente de nós, pais. Há conflitos, desejos e também a necessidade de apoio e afetividade. Se formos muito rudes, pode até ser que, no futuro, a felicidade nos cobre. Também não podemos negligenciar. Aliás, seria um pecado não colocar limites aos filhos e exigir deles resultados positivos. Com certeza a vida fará esse resgate. Contudo, uma só coisa me maravilha: fazer tudo isso compreendendo o outro, a partir do que esse outro é. Não o outro que em nosso inconsciente criamos, idealizamos. Forjar o outro exige que se conheça a essência dele.
Virá o dia em que esse outro que convive conosco estará pronto. Sabe o que ele trará? Lembranças vivas do convívio que teve conosco. Sabe o que ele cobrará? O que fizemos por ele, a partir das possibilidades deles. Precisamos estar atentos a isso. Não podemos deixar que as afeições se passem à superfície. Precisam ser vividas sinceramente. Por isso mesmo não podemos nos refutar ao amor de pais. Esse amor é incondicional e marca substancialmente. Não pode ser mentiroso, tem que ser real. O amor real lança responsabilidades, mas joga boia aos que podem afogar. Por isso, precisamos estar atentos, ser presentes na vida dos que amamos, ser parte da existência do outro. Precisamos, então, conhecer o outro e permitir a ele que venha a nós. 


sexta-feira, 10 de julho de 2015

Onde está a minha esperança?



Em junho, quando comemorei mais uma primavera, ganhei de presente de um grande amigo, o livro Pimentas, de Rubem Alves. A leitura foi e como sempre é, com Rubem Alves, um grande aprendizado. Gosto muito dele e, identifico-me com a sua vida. Assim como ele, sou educador, psicanalista e escritor.
Onde está a minha esperança? É titulo de uma abordagem feita pelo Rubem na página 136 desse mesmo livro. Adorei a leitura, pois me fez pensar muito nessa pergunta. Voltei-me para o meu interior e questionei-me: Onde está a minha esperança? Pensei e pensei. Como fazer uma reflexão aprofundada? E a resposta que tive foi: está no trabalho que faço, está na educação! É isso que me dá razão para viver. Ao longo de muitos anos me dedico à educação e hoje sei que não o faço apenas para a minha sobrevivência, mas por acreditar que é com a educação que poderemos construir um amanhã melhor para os nossos filhos e para as gerações futuras.
Lendo o texto, deparei-me com algumas verdades: sei que a minha esperança não está na maneira tradicional de fazer política, não está na maneira tradicional como atuam os diversos movimentos sociais e religiosos que existem por aí. Minha esperança está em uma multidão de indivíduos que precisam se educar. Minha esperança não está nas ideias tradicionais preconceituosas e excludentes! Está na inclusão e no respeito às diferenças e na capacidade de oportunizarmos a todos a mesma chance. Minha esperança está na tolerância, no respeito, na cordialidade e nas trocas positivas entre as pessoas. Está no espírito cooperativo e voluntarioso de pessoas abnegadas que querem ser solidárias.
Em meu momento de reflexão, pude sentir que a minha esperança está mesmo em uma educação que desafia e motiva à mudança e a formação de pessoas dotadas de sentimentos puros e de inteligência múltipla. Precisamos de uma sociedade formada por pessoas tecnicamente competentes, mas socialmente mais solidárias, éticas e com senso moral apurado. Precisamos de pessoas que não façam piadas dos absurdos, mas que se choquem com eles e que não se conformem com esses absurdos que dilaceram os valores e trituram as pessoas. Precisamos ter esperança que a educação será capaz de trazer a justiça social sem rupturas, além de promover o senso crítico comum a todos, a ponto de não nos deixarmos enganar com os truques e costumes viciados de práticas políticas que corroem o tecido social de nosso país.
Por acreditar na educação e por ser um educador, compartilho com você a alegria de ter novamente os alunos em nossa Escola. Crianças e adolescentes precisam da Escola, dos saberes e das vivências proporcionadas pelo ambiente educativo. Precisam estar aqui, lendo o mundo e se fazendo ler como pessoa. Mais uma vez agradeço muito a confiança depositada em nosso trabalho e saibam que a nossa esperança, a minha em particular, está em cada criança e adolescente que estão aqui em nossa Escola.