terça-feira, 25 de agosto de 2015

As mães podem aprender com os pais?



Semana passada, um casal de amigos me confidenciou que necessitava de ajuda. Eles têm um filho temporão com 5 anos de idade, e a criança, segundo relato deles, está insuportável. Autoritária, manipuladora, o centro das atenções. De imediato pensei... Essa criança tem a “síndrome da criança imperador”. Ouvi o depoimento da mãe e também a fala do pai. É incrível como os problemas nos filhos sempre têm a ver com a conduta dos pais. Afirmo e reafirmo sem dar trégua: Somos sim os responsáveis por tudo o que acontece no emocional de nossos filhos. Contudo, quero aprofundar o meu entendimento, a partir da escuta do casal.
A despeito de toda idealização de que as mulheres são “mães natas”, o pai tem também um papel fundamental na vida dos filhos. Aliás, o que tenho mais refletido ultimamente em Psicanálise é exatamente o impacto do pai (figura masculina) na vida dos filhos, sob o ponto de vista do emocional. Na verdade, educar é um projeto conjunto e, de acordo com o psicanalista Rubens Maciel, o pai e a mãe irão preparar os filhos para a vida. Alguns estudiosos afirmam, até, que os pais costumam ter mais habilidade do que as mães, pois eles oportunizam mais “janelas de negociação” em situações de conflito. A função de pai e de mãe, então, se completa na tarefa de educar.
É surpreendente a forma como o pai conduz a educação dos filhos de forma mais abrangente e menos protetora. Ele costuma deixar os filhos se arriscarem, tirando as crianças da zona de conforto. A visão paterna de que o risco é necessário à criança a torna mais autônoma e futuramente mais segura em suas escolhas. Também é o pai quem mais brinca de forma participativa com os filhos. Parece que age como criança em casa, quando brinca com os filhos. A mãe é mais reservada nas brincadeiras de pular, jogar ou mesmo “bagunçar”. Pode ser estranho, mas essa negligência gostosa, que o pai fomenta, desperta a criatividade e autoconfiança nas crianças.
Outro aspecto muito interessante é que as expectativas do pai em relação aos filhos são diferentes das expectativas da mãe. Para o pai, ao contrário da mãe, as frustrações não se transformam em sentimento de culpa. Há também pouca pressão externa acerca do desempenho dos pais e isso os deixa mais livres e soltos. É o pai, também, quem dá menos importância aos pequenos problemas. A mãe valoriza muito as situações; o pai é mais tranquilo, menos impositivo e mais rápido nas decisões. Ele também costuma ser mais enérgico e estipula metas mais exatas. São firmes, porém mais pacientes, deixando os filhos mais à vontade. Está vendo? O pai deve participar mais da educação dos filhos. Bom para ele, para a mãe e para as crianças!
Um cuidado, contudo, deve ser tomado: nunca poderá existir controvérsia no posicionamento de pai e mãe em relação à conduta com os filhos. Pelo menos nunca na frente das crianças. Elas, com certeza, usarão essa divergência para tomarem conta da relação e se imporem emocionalmente. Por isso mesmo, pai e mãe têm que estar bem sintonizados. Para tanto, um bom diálogo resolve tudo.



sexta-feira, 14 de agosto de 2015

O padrão mental: como “fabricar” filhos equilibrados emocionalmente?



Filhos equilibrados emocionalmente e felizes na vida, tenho certeza absoluta, é o desejo de todos nós, pais. Mas, na ânsia por fazermos certo, muitas vezes somos atrapalhados por algum desajuste emocional nosso. O que estou tentando dizer é que causamos efeitos para toda vida de nossos filhos quando somos emocionalmente ineptos. Muitas vezes nosso comportamento emocional pouco equilibrado irá imprimir em nossos filhos um modelo, um padrão mental e emocional de ser. O modo de vida que temos em família acaba sendo a aprendizagem de desequilíbrio emocional de nossos filhos.
Jovens ou adultos que apresentam estresse em seus relacionamentos sociais certamente estão reproduzindo um padrão assimilado de seu pai ou de sua mãe. Pesquisas realizadas em Nova York por Daniel Goleman apontam que pais muito rigorosos na disciplina de seus filhos foram da mesma forma tratados por seus pais. A transferência é fato, e a reprodução desse padrão mental persiste em gerações. Isso se nada fizermos para mudar, é claro!
Exemplos vividos são passados de pais para filhos e, por isso mesmo, precisamos estar atentos. Muitas vezes, o modelo, o padrão mental estabelecido em nossa relação familiar pode estar reproduzindo crianças com as mesmas “fissuras emocionais” que nós temos. Assim, vamos nos conhecer um pouco mais para que possamos identificar o padrão mental em que estamos sintonizados. Pode ser que estejamos tão absorvidos em nossa vida, em nossa rotina, que em momento algum nos questionamos sobre nossos atos e a forma como emocionalmente nos relacionamos com os nossos filhos.
Eu precisei mudar o meu padrão mental, para atingir melhor qualidade no relacionamento emocional com os meus filhos. Como “filho de peixe, peixinho é”, reproduzia o mesmo padrão mental e de relacionamento de meu pai, ao lidar com os meus filhos, principalmente com o mais velho. Estava equivocado. Precisei de um bom tempo para acertar isso. Para tanto, foi necessária uma reflexão interna e uma revisão nas coisas do meu eu. Nada fácil, mas consegui.
Assim, o que tenho que compartilhar com você é isto: para reavaliarmos o relacionamento que temos com os nossos filhos, é preciso, primeiro revermos internamente o nosso relacionamento com os nossos pais. É fundamental sabermos como anda o nosso relacionamento emocional com os nossos filhos e como esse relacionamento está impactando na vida deles. O resgate do passado e a mudança do padrão mental é essencial. Além disso, é preciso oportunizar aos nossos filhos uma aprendizagem emocional. Para tanto, precisamos estar atentos aos indícios de raiva, medo, impaciência, agressividade e somatização, aos indicativos de que algo anda desequilibrado. É necessária também uma revisão interior sobre a forma como estamos nos dirigindo aos nossos filhos. Precisamos estar atentos. Há estudos que constatam que a negligência, pura e simples, pode ser mais prejudicial que os maus-tratos diretos. Por esse estudo, crianças negligenciadas no amor e na atenção são as que apresentaram o pior desempenho na escola e nas relações interpessoais. São mais ansiosas, desatentas e apáticas, alternando agressividade com retraimento.
A primeira oportunidade para moldar os ingredientes da inteligência emocional é nos primeiros anos de vida, embora essas aptidões continuem na formação permanente do ser humano. Elas devem crescer com autoconfiança, interessadas e sabendo qual o comportamento que devem ter diante de uma situação que envolve o emocional. Também devem saber como frear o impulso de se comportar mal; precisam ser capazes de aguardar a sua vez, seguir orientações e de procurar ajuda quando necessário. É necessário que tenham competência para expressar as suas necessidades e que não tenham medo de desafiar. Com essas habilidades, nossos filhos serão crianças felizes e adultos realizados. Não é nada tão difícil assim, depende de nós!


Bibliografia: Daniel Goleman. Inteligência emocional –
A teoria revolucionária que redefine o que é ser inteligente. Ed. Objetiva, 2007.


segunda-feira, 10 de agosto de 2015

A Celebração do Dia dos Pais


Comemorarmos o Dia dos Pais é, especialmente para mim que sou pais de três filhos, uma enorme alegria. Espero essa data com expectativa, pois acho muito importante o nosso papel de pai. Sei que em nossa cultura, historicamente se atribui papel de destaque às mães, mas acredite, nós pais somos tão importantes quanto as mães. No plano emocional, a figura paterna tem importância de grande significância e de muita relevância na vida de nossos filhos. A figura do pai é aquela que sugere a proteção, o esteio necessário ao desenvolvimento sadio da psique de nossos filhos.
 O Dia dos Pais no Brasil é comemorado no segundo domingo de agosto. Isso faz com que haja uma variação na data, caindo em dias diferentes.
O primeiro registro de homenagem a um pai surgiu na antiga Babilônia, há mais de quatro mil anos, onde um jovem modelou e esculpiu um cartão para seu pai, desejando sorte, saúde e muitos anos de vida.
Porém, a história mais conhecida em comemoração ao dia dos pais é a de William Jackson Smart, um ex-combatente da guerra civil que perdeu sua esposa quando os seis filhos eram ainda bem pequenos, criando-os sozinho. Sua filha Sonora Smart resolveu homenageá-lo, no ano de 1909, em razão da admiração que sentia, por ele ter dedicado sua vida aos filhos e ter conseguido criá-los muito bem. A data escolhida foi a de nascimento de Willian, dezenove de junho. Aos poucos a data passou a ser difundida a outras famílias da cidade onde moravam, no estado de Washington, sendo espalhada por todo país, até que o presidente Richard Nixon tornou-a oficial.
Nos Estados Unidos a data ficou estabelecida para ser comemorada no terceiro domingo de junho, assim como África do Sul, México, Canadá, França, Turquia, Venezuela, dentre outros. Na Austrália e Nova Zelândia a comemoração acontece no primeiro domingo de setembro; na Rússia, no dia vinte e três de fevereiro; na Tailândia, no dia cinco de dezembro; e na Itália, no dia 19 de março, dia de São José.
A data passou a ser comemorada no Brasil a partir de 1953. Várias entidades da imprensa se juntaram a fim de promover um concurso onde homenageariam três tipos de pais: o pai com maior número de filhos, o pai mais jovem e o pai mais velho. Os vencedores foram um pai com trinta e um filhos, um pai de 16 anos e um pai com 98 anos.
Como eu disse, a importância do pai na vida dos filhos é algo a se considerar. Lembro-me muito de meu pai e de minha relação com ele. Confesso que tivemos muitos conflitos na adolescência e que o impacto em minhas emoções foi muito grande. Busco superar tudo isso, procurando ser um pai presente, amigo, conselheiro, participativo e acima de tudo amigo de meus filhos.
 Desejo a todos os pais de nossa escola, um dia de muita luz e também um tempo de reflexão. Que o compromisso de amor e responsabilidade desça a nós e que Deus Pai nos ilumine em nossa caminhada.
 Feliz Dia dos Pais!                                        

Adaptação do artigo da pedagoga Jussara Barros.