segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Vivemos em um mundo sem limites?


“Somente alguém que possa sondar as mentes das crianças será capaz de educá-las e, nós, pessoas adultas, não podemos entender as crianças porque não mais entendemos a nossa própria infância”. (Freud, 1913b:224)


Vivemos em um mundo cuja educação tem sido marcada por profundas modificações ocorridas em todos os campos. A política educacional tem sido gravemente afetada pelas acomodações do sistema capitalista, afetando a dinâmica nas escolas, nas relações entre os familiares e a escola, e mesmo entre os professores e os alunos. De maneira mais específica, tem acontecido em nossa cultura mudanças comportamentais que têm impactado na escola e também nas famílias.  Assim como a família, a escola vem perdendo autoridade, pois os valores vêm sofrendo mutações e os professores têm sido colocados no mesmo patamar que as crianças. Em família, a situação é similar. Crianças se colocam no mesmo patamar dos pais e, a título de uma “educação contemporânea e liberal”, o que temos é geralmente a perda de autoridade dos pais. As crianças, sem a referência da autoridade, crescem acreditando que podem tudo, que não precisam de limites e que sabem o que desejam na vida. Resultado disso? Indisciplina, desrespeito e desorganização social. O que existe para orientar essas crianças? Qual o modelo que seguirão? Será que vivemos em um mundo sem limites?
Vivemos em um mundo do consumo e os excessos se tornam preponderantes. Aí temos um cenário assustador. Crescem os laudos de hiperatividade, angústias, depressão etc. A ciência tenta encontrar medicação para solucionar as patologias, as famílias ficam assustadas e a escola acaba recebendo uma carga maior do que originalmente seria a sua missão. Crescem as diferenças e os educadores necessitam se adequar, e a escola a se reinventar. Muitos pais, simplesmente, preferem não tomar ciência do problema e culpam a escola que, por sua vez, atribui a responsabilidade às famílias. A criança fica no meio dessa situação.... Isso acontece em todo o mundo, pois é um fenômeno desse mundo líquido que estamos vivendo. Os pais estão cedendo aos desejos de consumo dos filhos e não estão conseguindo colocar limites. Como encontrarmos o equilíbrio em um sistema globalizado que apregoa um mundo sem fronteiras, exigindo qualidade total, eficácia e sucesso a qualquer preço?
Sempre no início do ano letivo, me dirijo a minha comunidade escolar para buscarmos um entendimento acerca das práticas necessárias para que, juntos, possamos construir um caminho que nos oportunize a construção de pontes que unam escola e famílias, para que possamos nos encontrar em um único ponto: a formação de nossas crianças. Para que isso aconteça, se faz necessário um quesito essencial: a confiança! Sem isso, não teremos um diálogo franco e saudável. A escola e a família somente conseguirão o sucesso junto às nossas crianças se fizermos juntos. Estabelecer laços de confiança e seguir as orientações da escola, é a certeza de que acertaremos. Claro que o tempo todo, nós e a família, teremos que buscar uma afinação única. É essa sintonia que garante a base da formação de nossas crianças. Jamais poderemos estar nos opondo e nos desacreditando. Esse embate gera desconforto e incertezas. Por isso, sempre convido os familiares que se aproximem das educadoras e educadores, coordenadoras e coordenadores e das nossas orientadoras. São eles os condutores da vida escolar de seus filhos. São eles os parceiros para a educação de nossas crianças. Por isso, são amigos e profissionais habilitados e competentes para resolverem tudo o que pode parecer ou mesmo ser uma lacuna entre nós escola e você família. Queremos o diálogo, a escuta, apostando um a um, na singularidade de cada sujeito que é aluno de nossa Escola. Queremos você conosco, para juntos oferecermos o melhor para as nossas crianças.
Nossa experiência na Escola é dessa ordem. Estamos interessados em cada um, em cada aluno e em sua história em particular, promovendo laços e garantindo um funcionamento de rotina e aprendizagem dos conteúdos. Somos assim, humanos, pais e mães, profissionais, educadores e carregamos também a nossa história de vida. Somos Escola e Família, Mestres e Aprendizes. O que precisamos é de você conosco para que possamos completar a nossa essência.

         

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